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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

História da obesidade

A história revela-nos que a obesidade é a mais comum e mais antiga doença metabólica humana registrada. Desde os tempos da pré – história que a obesidade assumiu um papel preponderante na vida dos seres humanos, sendo referida como símbolo de beleza e fertilidade.

 
Vénus de Willendorf

Já no Período Neolítico (cerca de 20.000 a 30.000 anos a.C.), o culto à fertilidade era praticado através de rituais místico religiosos. A Vênus de Willendorf, uma estatueta feminina, obesa, era um símbolo de fertilidade e maternidade. Várias foram as deusas e as figuras míticas representantes da fertilidade e agricultura, que continuaram a ser cultuadas na antigüidade e admiradas por seus seios, quadris e coxas obesos.

As mesmas evidências de obesidade foram vistas nas civilizações do antigo Egito, em múmias egípcias.
   
Rainha Hatshepsut
Na China foram encontradas pinturas e porcelanas chinesas da era pré-cristianismo
Na Grécia representações em esculturas gregas e romanas e, mais recentemente, em vasos dos Maias, Astecas e Incas na América pré-colombiana.
Kourotrophos – que significa “aquela que cuida das crianças”     
Na Idade da Pedra foram encontrados os primeiros indícios dos tipos de obesidade – a obesidade glútea e a abdominal. 
A obesidade visceral parece predominar em povos com fartura de alimentos e maior sedentarismo, estando também mais ligada a enfermidades. Já a obesidade glútea, um outro tipo de obesidade, também encontrada representada na arte da Idade da Pedra na França, Espanha, Creta, Iugoslávia, Checoslováquia e Ucrânia, estaria mais ligada ao armazenamento de energia para garantir a sobrevivência do indivíduo e da espécie, e não parece estar relacionada a enfermidades.   Há 2500 anos Hipócrates (médico greco-romano) já chamava à atenção para os perigos da obesidade, sendo que existia um índice de mortalidade mais elevado em indivíduos gordos do que magros. Tal como Hipócrates, também o seu discípulo Galeno se dedicou a estudar a obesidade dividindo a obesidade em natural (moderada) e a obesidade mórbida (exagerada). Galeno referia que a falta de disciplina do indivíduo tinha como principal conseqüência a obesidade preconizando um tratamento (comida, massagens, banho, descanso ou algum lazer e refeições com muita comida, mas com alimentos de baixo valor calórico). 
 
(Hipócrates)        (Galeno)                   
Porém, no Período Império – Romano os padrões de beleza alteraram-se e as mulheres foram “obrigadas” a fazer prolongados jejuns, pois os corpos esbeltos e magros eram os mais apreciados. Todavia, a classe social alta poderia manter livremente os seus hábitos alimentares mais excêntricos.  No Talmude, o estudo enciclopédico da lei judaica, há diversas citações sobre obesos e obesidade. Entre elas, o relato de uma cirurgia a que foi submetido o rabino Eleazar. Seu abdome foi aberto e de dentro foram retiradas cestas de gordura. Não se sabe quem realizou a cirurgia ou se o rabino se recuperou ou não. Em outra citação, o rabino Eleazar Ben Simeon e seu pai vivem escondidos, por treze anos, das autoridades romanas da Galiléia. Apesar de comerem somente tâmara e poucas frutas, eles se tornaram obesos. Essa referência nos leva à genética da obesidade, ou seja, mesmo sem grande excesso alimentar uma pessoa pode tornar-se obesa (Repetto,1998).
 
Primeira página da edição de Vilna do Tractate Berachot, Talmude
A primeira monografia escrita sobre a obesidade data do século XVII, relatando-a como uma mistura de doença com distúrbio do caráter. Sydcnham, que foi o grande clínico daquele século, aclamado como o "Hipócrates moderno", foi quem primeiro começou a catalogar os sinais e os sintomas manifestados pelas pessoas enfermas, os correlacionado com as doenças, tendo culminado com a publicação do "Grande Catálogo Clínico das Doenças", do início do século XVIII. Nesse catálogo, já figurava a obesidade. No decorrer do século XVIII, verificaram-se diversas descrições sobre a obesidade.  Com o início da medicina clínica (1800-1850), começaram a aparecer citações mais freqüentes e descrições da obesidade. É curioso lembrar que Laennec, quando da sua primeira descrição do estetoscópio (1816), relata que a idéia surgiu da dificuldade de fazer a ausculta do tórax de uma jovem muito obesa com mamas volumosas.
 
Durante o século XIX, nenhuma farmácia era considerada completa sem o seu vidro de sanguessugas vivas, usadas para tratar muitas enfermidades, entre elas a epilepsia, a tísica, as hemorróidas e a obesidade.  No ano de 1863, Bantig escreveu o que certamente foi o primeiro livro de dietas. Era um panfleto intitulado: Unia carta dirigida ao público sobre a corpulência. Nesse panfleto, citava o método pelo qual ele próprio conseguira perder peso. No Império Romano, como se sabe, eram preparados grandes banquetes nos quais os participantes, após devorar uma grande quantidade de alimentos e se saciar, colocavam os dedos na garganta para provocar o vômito, e reiniciar, desta maneira, a sua comilança uma vez que tanta fartura de alimento era rara no cotidiano destes habitantes.   Essa prática do uso provocado do vômito após a alimentação foi provavelmente origem ao termo bulimia. Galeno (século II d.C.) é de quem temos o primeiro relato da bulimia, que ele chamou de "Kionos orexia", que em grego queria dizer "fome canina". Ele considerava que a bulimia era causada por um "humor" que provocava um insaciável desejo de comer, levando a refeições freqüentes e exageradas, que eram muitas vezes acompanhadas de vômitos.
Os pratos principais eram à base de carne: o porcus troianus era um porco recheado com salsichas, verduras e ervas aromáticas, assim chamado por recordar o Cavalo de Tróia, que escondia em seu ventre os guerreiros aqueus. Lebres, cabras, cabritos-do-monte e faisões enriqueciam as mesas romanas. Os gourmets de paladar mais refinado amavam os pavões, os flamingos, avestruzes e até mesmo o arganaz (roedor agrícola aparentado com os esquilos, que habita a Europa, Ásia e África; no Brasil, o rato silvestre tuco-tuco é uma espécie similar). Para melhorar, "pizzas" macias e crocantes acompanhavam os petiscos e pastéizinhos recheados de verdura, carne, peixe e ovos constituíam um excelente antepassado das atuais lasanhas. Na década dos anos 30, era usual atribuir à obesidade a denominação de “distúrbios das glândulas endócrinas”, e só a partir das décadas 40 e 50 é que uma aproximação de uma natureza psicológica passou a receber maior ênfase. (Halpern, 1998).
A Obesidade nos Dias Atuais 
A prevalência de sobrepeso (índice de massa corporal ≥ 25 kg/m2). Homens com 30 anos ou mais velhos, 2005
 
A prevalência de sobrepeso (índice de massa corporal ≥ 25 kg/m2). Homens com 30 anos ou mais velhos, 2015

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